A COP30, a conferência climática da ONU que será realizada em Belém entre 10 e 21 de novembro, tem 191 países credenciados para participar, incluindo a Argentina, embora os Estados Unidos não tenham confirmado presença no evento. O credenciamento não garante participação efetiva, mas indica intenção de envolver-se nas negociações climáticas que marcam os 10 anos do Acordo de Paris.
Ausência dos Estados Unidos
A ausência americana representa um marco histórico para as negociações climáticas, sendo a primeira COP desde o início das discussões em que os Estados Unidos — país com maior responsabilidade histórica pelas emissões globais de gases de efeito estufa — não participará.
A Casa Branca confirmou que não enviará representantes de alto nível à COP30, decisão que reflete a posição da administração Trump de retirar o país do Acordo de Paris até janeiro de 2026 e sua classificação das mudanças climáticas como “a maior farsa do mundo”.
Esta lacuna de liderança americana cria uma oportunidade para Brasil e China assumirem papel protagonista nas negociações, especialmente considerando que os EUA já se ausentaram das negociações intermediárias de Bonn em junho de 2025.
Enquanto alguns defensores ambientais lamentam a decisão, outros expressaram alívio de que uma possível delegação americana não tentasse sabotar os acordos, permitindo que outros países avancem com maior liberdade nas discussões sobre financiamento climático e proteção da natureza.
Situação da Argentina
A participação da Argentina na COP30 ganha contornos especiais diante do ceticismo climático do governo nacional. Seis governos subnacionais — Santa Fe, La Pampa, Jujuy, Chubut, Córdoba e Entre Ríos — assinaram um Compromisso Regional durante a Conferência Climática Internacional (CCI25) em julho, posicionando-se como protagonistas da ação climática argentina.
O governador de Córdoba, Martín Llaryora, enfatizou que “a Argentina é o oitavo maior país do mundo e desapareceu da agenda climática. Serão as províncias que representarão o país na COP”.
Esta articulação subnacional representa uma resposta direta ao negacionismo climático em nível federal, com as províncias assumindo compromissos alinhados ao Acordo de Paris e aos relatórios do IPCC.
O movimento climático argentino enfrenta desafios crescentes no contexto político atual, mas encontra nas lideranças regionais uma alternativa para manter o país presente nas discussões globais sobre clima, demonstrando que a diplomacia climática pode transcender as posições do governo central.
143 delegações na Cúpula
A Cúpula dos Líderes sobre o Clima, que antecede a COP30 nos dias 6 e 7 de novembro em Belém, confirmou a participação de 143 delegações internacionais. Deste total, 57 serão chefiadas por líderes — incluindo chefes de Estado e de governo — além de 39 ministros e representantes de organizações internacionais. O formato do evento priorizará sessões temáticas organizadas em mesas de até 40 líderes, permitindo que todos os participantes façam discursos tanto em plenárias amplas quanto nas discussões específicas.
O governo brasileiro estruturou a cúpula como um evento não deliberativo, sem documento final de consenso, com foco em dar o “tom de referência aos negociadores” da COP30.
O presidente Lula terá participação central, presidindo três sessões temáticas sobre florestas e oceanos, transição energética e financiamento, além de organizar um almoço específico para tratar sobre financiamentos voltados à conservação das florestas.
Por razões diplomáticas e de segurança, os nomes dos líderes participantes não serão divulgados antecipadamente, mas o Itamaraty garantiu que a representação será “muito expressiva da comunidade internacional”.

