
O bloco BRICS está acelerando significativamente a implantação de infraestruturas financeiras paralelas projetadas para reduzir a dependência das instituições dominadas pela moeda norte-americana, com o Banco de Desenvolvimento da China e a instituição congênere sul-africana finalizando o primeiro acordo de empréstimo em yuan do bloco, no valor de 2,1 bilhões de yuan (US$ 290 milhões), enquanto a rede de compensações de pagamentos interbancários transfronteiriços chinesa se expande por 185 nações.
O acordo histórico entre as duas instituições de desenvolvimento representa uma mudança de orientação estratégica em direção ao financiamento em moeda chinesa em todo o continente africano. Os recursos aprovisionados financiarão iniciativas multissetoriais que abrangem infraestrutura energética, desenvolvimento manufatureiro, programas sociais e gestão de recursos hídricos em territórios africanos.
Infraestrutura de Pagamentos Chinesa Desafia Hegemonia do SWIFT
O Sistema de Pagamentos Interbancários Transfronteiriços da China, conhecido como CIPS, consolidou-se como desafiante substancial da hegemonia da rede SWIFT, processando aproximadamente 90,2 trilhões de yuan (US$ 12,7 trilhões) em operações financeiras durante o primeiro semestre de 2025. A rede conecta 4.800 instituições bancárias distribuídas por 185 jurisdições, com maior concentração de participantes localizados em territórios não-chineses.
“Representa importância estratégica porque demonstra, independente dos acontecimentos, que a China consegue manter suas operações comerciais”, afirmou Adam Wolfe, economista especializado em mercados emergentes da consultoria londrina Absolute Strategy Research.
Dados contemporâneos indicam que praticamente toda a negociação sino-russa — 95% do volume total — foi liquidada em moedas nacionais durante três anos ininterruptos, enquanto empréstimos em renminbi cedidos ao exterior experimentaram expansão de 35%, atingindo US$ 480 bilhões no presente exercício.
Nações como Quênia, Angola e Etiópia já converteram arranjos de endividamento originalmente denominados em dólares para estruturas em yuan. A participação do renminbi nas operações de financiamento comercial internacional saltou de menos de 2% para 7,6% em apenas três anos, consolidando seu status como segunda moeda mais utilizada em transações comerciais globais.
Bolsa de Grãos do BRICS Avança Rumo à Autonomia Agrícola
A iniciativa russo-liderada para estabelecer um mercado de futuros de grãos dedicado ao bloco BRICS avança em direção a uma etapa piloto em 2026, com perspectiva de funcionamento pleno em 2027, conforme comunicações diplomáticas entre o Vice-Primeiro-Ministro russo Dmitri Patrushev e o Primeiro-Ministro indiano Narendra Modi em setembro. A plataforma proposta comercializaria inicialmente trigo, milho e cevada, com possibilidade futura de inclusão de oleaginosas, leguminosas, arroz e soja.
Autoridades russas estimam que a infraestrutura de negociação poderia gerar economias na magnitude de US$ 2,5 bilhões anuais para integrantes do bloco mediante redução de dependência em relação a mercadorias domiciliadas em Chicago. O bloco expandido do BRICS, atualmente compreendendo Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, além de Egito, Etiópia, Irã e Emirados Árabes Unidos, congregando praticamente 45% de toda a produção mundial de cereais e 25% do volume de comercialização agrícola internacional.
As iniciativas refletem sentimento de urgência crescente dentro do bloco para constituir independência econômico-financeira frente a ameaças tarifárias amplificadas emanadas dos Estados Unidos. O presidente Donald Trump ameaçou implementar tarifas na ordem de 100% sobre exportações originárias de nações BRICS caso o bloco persista em esforços destinados a contornar a sistemática dolarizada.

