Estudo revela que 50% das comunicações por satélite trafegam desprotegidas, incluindo dados militares e corporativos
Pesquisadores da UC San Diego e da Universidade de Maryland revelaram na segunda-feira que bilhões de comunicações globais — incluindo chamadas telefônicas, segredos militares e dados corporativos — trafegam sem criptografia por satélites geoestacionários. Qualquer pessoa com equipamento básico de US$ 600 pode interceptar essas informações sensíveis.
O estudo “Don’t Look Up”, apresentado na conferência da Association for Computing Machinery em Taiwan, expõe a maior falha de segurança já documentada em comunicações via satélite. Durante três anos, a equipe monitorou 39 satélites em 25 longitudes e descobriu que metade das transmissões não possui proteção.
Como os dados foram interceptados?
Os pesquisadores usaram equipamento de nível consumidor — antena parabólica, sistema de motor e placa sintonizadora — totalizando apenas US$ 800.
Com essa configuração simples, capturaram milhares de ligações da T-Mobile, mensagens de texto de 2.700 usuários e dados de embarcações militares dos EUA.
Também interceptaram rastreamento em tempo real de helicópteros, veículos blindados e navios do exército e polícia mexicanos.
Quais empresas foram afetadas?
O estudo identificou vazamento de dados corporativos críticos de grandes companhias.
Walmart teve informações de gerenciamento de estoque expostas, enquanto bancos mexicanos tiveram transações financeiras interceptadas.
Concessionárias de energia elétrica e plataformas de petróleo também trafegavam dados operacionais sem qualquer proteção.
Por que a criptografia não é usada?
“Eles presumiram que ninguém jamais verificaria todos esses satélites. Esse era o método de segurança deles”, explicou Aaron Schulman, professor da UC San Diego que liderou a pesquisa.
Desincentivos estruturais dificultam a adoção: custos extras de licenciamento, preocupação com largura de banda e dificuldades técnicas de manutenção.
Enquanto TV por satélite usa criptografia há décadas para evitar pirataria, tráfego de dados IP corporativos e governamentais frequentemente carece de proteção similar.
Agências de inteligência já exploram essas falhas?
Matthew Green, professor de criptografia da Johns Hopkins que revisou o estudo, afirma: “Eu ficaria surpreso se agências de inteligência de qualquer porte já não estivessem se aproveitando disso”.
Equipamentos mais sofisticados que os usados na pesquisa permitiriam monitoramento ainda mais amplo e preciso de comunicações globais.
Especialistas alertam que governos adversários podem ter acesso a segredos militares e estratégias corporativas há anos.
Empresas corrigiram as vulnerabilidades?
Após notificação em dezembro de 2024, a T-Mobile implementou criptografia em suas comunicações via satélite.
Walmart e outras empresas também protegeram seus sistemas depois de alertadas pelos pesquisadores.
Porém, operadores de infraestrutura crítica — como energia e água — ainda não implementaram proteção completa, segundo o estudo.
Qual a extensão real do problema?
Os pesquisadores monitoraram apenas 15% dos transponders de satélite operacionais de sua base no sul da Califórnia.
Isso sugere que a quantidade global de comunicações desprotegidas pode ser muito maior do que o documentado no estudo.
Com milhares de satélites geoestacionários em operação, bilhões de conversas, transações e dados militares permanecem vulneráveis a interceptação.
Há solução no horizonte?
Especialistas recomendam adoção urgente de criptografia ponta a ponta para todas as transmissões via satélite.
Reguladores de telecomunicações devem estabelecer padrões mínimos de segurança obrigatórios para operadores de satélites.
Empresas e governos precisam auditar imediatamente suas comunicações via satélite e implementar proteção, mesmo com custos adicionais.
A revelação deixa claro que infraestruturas críticas continuam operando com falsas premissas de segurança. O pressuposto de que “ninguém está olhando” falha diante de tecnologias acessíveis e da capacidade de adversários em monitorar comunicações globais. A urgência de criptografar comunicações por satélite nunca foi tão evidente.
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