O aumento diário da reentrada de satélites Starlink da SpaceX, que caem como bolas de fogo espetaculares na atmosfera, está gerando crescente preocupação entre cientistas, que alertam para possíveis danos irreversíveis à camada de ozônio e ao equilíbrio atmosférico terrestre.

Satélites Starlink intensificam poluição da atmosfera superior
Segundo o astrofísico Jonathan McDowell (Harvard-Smithsonian), quatro satélites Starlink caem à Terra todos os dias, número que pode chegar a cinco conforme a constelação se expande. Em pouco tempo, a média saltou de um para até cinco satélites diários em reentrada descontrolada, refletindo a rápida ampliação da maior rede espacial já construída, com mais de 6.000 satélites ativos em operação.
Durante a queima na reentrada, cada satélite típico de 250 kg libera cerca de 30 kg de nanopartículas de óxido de alumínio na estratosfera, além de metais como lítio, cobre e chumbo. Essas partículas podem persistir por décadas, prejudicando a camada de ozônio e alterando ciclos climáticos. Pesquisas da Universidade do Sul da Califórnia e medições recentes indicam que as concentrações de óxido de alumínio na atmosfera superior aumentaram oito vezes entre 2016 e 2022.
Cientistas agora detectam metais provenientes de espaçonaves em 10% das amostras de ácido sulfúrico estratosférico, e estimam que até 2040 a quantidade de detritos de satélites pode rivalizar com a poeira de meteoros natural, impactando ventos polares, temperaturas e outros fenômenos atmosféricos.
Especialistas pedem ação regulatória internacional
Especialistas estão preocupados porque, à medida que a constelação Starlink cresce, os riscos aumentam exponencialmente. Simulações recentes projetam alta de até 640% na contaminação por óxidos metálicos se as taxas de reentrada continuarem, agravando os efeitos sobre a química atmosférica.
A SpaceX afirma que seus satélites se desintegram completamente na reentrada, mas incidentes recentes contrariam essa afirmação. Em julho de 2024, um fragmento de alumínio pesado de um Starlink caiu em uma fazenda no Canadá; em janeiro de 2025, uma bola de fogo sobre Chicago foi rastreada até um componente Starlink com falha na desintegração total.
Relatório da Administração Federal de Aviação (FAA) alerta que, até 2035, cerca de 28.000 fragmentos de Starlinks podem sobreviver à reentrada anualmente, com risco de 61% de alguém ser atingido por detritos espaciais. A FAA destaca que os satélites da SpaceX concentram 85% desse risco terrestre, tornando o tema urgente para reguladores do setor espacial.
Jonathan McDowell ressalta: “Estamos semeando a atmosfera superior com materiais que não compreendemos totalmente”. Com planos de expansão para até 100.000 satélites em órbita baixa — 42.000 somente da Starlink —, o ritmo atual ameaça superar a capacidade de supervisão internacional e desencadear impactos ambientais imprevisíveis.
O futuro dos céus compartilhados e as consequências ambientais
Cientistas e ecologistas pressionam governos por regras mais rígidas, monitoramento global e dados abertos sobre reentradas e fragmentações. A ausência de coordenação internacional coloca em risco não só a camada de ozônio, mas também a segurança das populações diante da alta probabilidade de impacto terrestre.
Até que iniciativas regulatórias acompanhem o avanço tecnológico da SpaceX e outras empresas do setor, o espetáculo das bolas de fogo que encantam a população global pode esconder riscos ambientais sérios e perdurar por gerações, comprometendo o equilíbrio atmosférico e a segurança do planeta.
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